Plaza de Toros La Real Maestranza (foto: Anny Vasconcelos) |
Ouvir lendas e histórias sobre qualquer lugar é sempre fascinante,
agora imagina ter a oportunidade de conhecer o lugar. Andar pelas mesmas ruas,
estradas e sítios em que os personagens da história trilharam, degustar pratos
que popularizaram o local e muito mais.
Guatavita é uma dessas cidades e dona de uma das lendas mais famosas da
Colômbia, o “El Dorado”. Na primeira oportunidade que tive, fui conhecê-la
juntamente com um grupo de amigos, e a viagem de no máximo 1 hora de carro
desde Bogotá, já vale pela linda paisagem que nos acompanha durante todo o
trajeto. Para aqueles que não têm pressa, indico dar uma paradinha quase na
entrada da cidade, há um local de onde podemos observar a represa de Tominé,
que foi construída em cima da cidade religiosa dos índios Muiscas, e hoje é a
responsável por gerar energia a cidade e também muito usada para atividades
náuticas. A nova Guatavita é um complexo arquitetônico que tem apenas 42 anos
de existência, criada para substituir a cidade que ficou submergida na Represa
de Tominé. Ver o pôr do sol deste local é um momento indescritível, realmente
lindo como toda maravilha criada por Deus. Aconselho ir bem agasalhado, pois
além de ser forte o vento, é frio também, se pega 14 graus ali facilmente!
Ao entrar na cidade, um dos primeiro locais com que me deparei foi com
a Plaza de Toros de La Maestranza, influência dos conquistadores espanhóis. Que
movidos pela cobiça do ouro, após ouvirem a história sobre a lenda da lagoa,
chegaram a este pequeno lugar e levaram grande parte do tesouro da cidade, e
claro, sempre deixando marcas da sua colonização. Outra grande influência dos
espanhóis são as casas todas brancas em estilo colonial.
A mais simples das casas tem seu estilo Colonial (Foto: Anny Vasconcelos) |
Saindo da plaza de touros fomos em direção a outro lugar onde estão localizados vários pontos de visitação da cidade, um ao lado do outro, e são esses: Plaza Civica ou De Los Muiscas, Plaza de Comidas Típicas, Plaza e Fuente de la Cacica, o Museu Religioso e Indigena, além do Centro Artesanal.
Este último me deixou encantada devido à riqueza e beleza dos
artesanatos, acessórios em ouro e prata a ótimos preços, roupas de lã virgem,
não pude resistir e tive que comprar algumas peças.
Depois de almoçar, seguimos para o ícone do turismo em Guatavita, a
Lagoa da Cacica Guatavita, que deu origem ao nome da cidade, uma espécie de
poço gigante com água esverdeada e está a 30 min da cidade. O trajeto até a lagoa
é bem rural, estrada de terra, alguns trechos estreitos, o que se nota ali é
que parte do sustento da cidade vem da agricultura e da criação de gado. Não
resisti e tive que parar em um local rústico, onde uma placa simples anunciava
a venda de queijos e pães caseiros, uma iguaria não muito frequente em Bogotá.
Continuamos em direção ao nosso destino e mais uma vez fomos presenteado com
uma maravilhosa paisagem.
Chegando ao local, sofri uma tremenda decepção, o último grupo de
visitantes acabava de entrar. Apesar do choro e até usar desculpas do tipo: -
Poxa, vim do Brasil para conhecer! O guarda foi irredutível, com muita educação
nos informou os dias e horários que poderíamos voltar para visitar a lagoa (De
terça a domingo e as segundas só se for feriado – Horário: das 8:30 às 4:00pm).
Nosso único consolo foi voltar para a cidade e conhecer a famosa ponte dos
enamorados, onde fizemos algumas fotos. E ali mais uma vez tive a chance de
conversar com um morador antigo, do qual me deliciei ouvindo as histórias
contadas com tamanha interpretação que me senti parte da história. As pessoas
em Guatavita são bem informadas acerca de sua origem, com muita calma é
possível ver e descobrir registros dos fatos ocorridos ali. E apesar de não ter
visto a lagoa, para mim foi mais enriquecedor e prazeroso conhecer o melhor da
cidade contado em detalhes por aqueles que sabem preservar sua história.
Para os que não puderem ter a oportunidade de conhecer essa cidade
encantadora, lhes convido a dar uma volta no Museu do Ouro em Bogotá. Grande
parte do acervo do museu foi retirada da Lagoa de Guatavita. A famosa balsa
usada pelo cacique da lenda é um dos artefatos que fazem parte desse acervo.
E para encerrar a minha visita a este lugar mágico, os deixo com a
lenda que deu origem ao famoso “El Dorado”, a Laguna de La Cacica, que diz o
seguinte:
“A lagoa era um lugar sagrado usado pelos índios Muiscas para adorar
Chie, a Deusa da água. A lenda tem como personagem principal a Cacica de
Guatavita, cansada das orgias de seu marido e do seu vício pela Chicha (uma
bebida embriagante feita à base de milho fermentado), ela acabou se apaixonando
por um guerreiro. Ao ser surpreendida com seu amante, jogaram ela e a filha na
lagoa onde ambas morreram afogadas. Arrependido e triste com tal atitude, o
cacique perdoou sua falecida mulher e deu início a um ritual onde ele cobria
todo o corpo com ouro, e em cima de uma balsa de madeira repleta de tesouros,
onde o acompanhavam 4 sacerdotes da tribo, enquanto ele submergia entoava
cantos e orações e ao mesmo tempo jogava as esmeraldas e ouros com o propósito
de pedir a cacica que pedisse aos deuses prosperidade ao seu povo”.
La Laguna del Cacique de Guatavita (Foto: Colombia.Travel) |
Saludos e até a próxima aventura!
Anny Vasconcelos
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Anny Vasconcelos