A CRUZ NA TESTA

Ontem, saí cedo para um compromisso em Bogotá e enquanto eu caminhava pelas ruas observei que várias pessoas traziam o desenho de uma cruz na testa. A princípio a ficha não caiu, a pressa em chegar era maior. Porém, cada vez mais  pessoas com a testa marcada passavam por mim. A vontade de pedir permissão para tirar uma foto foi imensa, mas o acanhamento foi maior, até porque eu já havia percebido que aquilo estava relacionado com a “quarta-feira de cinzas ou miércoles de Ceniza” como é chamado nos países com idioma espanhol!

Isso me relembrou os tempos de igreja e tudo aquilo que nós era dito sobre a quaresma, páscoa e quão bonitas eram as palavras proferidas. Era e é uma época de reflexão sobre nossas atitudes, de refletir sobre os erros e pecados cometidos, um período para penitências em  alguns países, o jejum e a abstinência também são comuns nessa época.

Lembro que em casa minha mãe levava a culinária a risca todos esses dias, o prato principal sempre era “peixe” minha mãe colocava em prática todos os seus dotes culinários, nenhum dia era enjoativo, o menu era maravilhoso a cada prato apresentado!

Tenho a leve impressão, mas oxalá seja só impressão, que nos dias atuais as pessoas já não dão a devida atenção a este período. Para alguns, parece ser apenas mais um feriado. Muitos perderam o costume de ir a igreja, de fazer sua reflexão sobre um período tão importante e significativo em nossas vidas.

Lembro que na igreja a primeira frase dita no começo da Quaresma, que começa justamente na quarta-feira de cinzas, é que este período serve para lembrar-nos que nossa passagem por aqui é temporária, que do pó viemos e ao pó voltaremos. Não importa a riqueza material que você tenha, você parte e tudo isso fica, o que sim importa, é a riqueza da sua alma, da forma como você leva sua vida., como você trata os demais ao seu redor.

Se você ainda não parou para rever seus atos, a forma como leva sua vida, este é um excelente período para nós, portanto vamos aproveitar este período ou mesmo alguns momentos para conversamos com Deus que tanto nos têm dado, para pedir perdão e perdoar todos aqueles que de uma forma ou outra nos causaram alguma mágoa!

·         Algumas curiosidades sobre esta época:

- Antigamente os judeus usavam as cinzas como forma de mostrar sua vontade de transformar uma vida pecadora em uma vida dedicada à Deus!

- As cinzas usadas eram das folhas das palmeiras usadas no ano anterior no Domingo de Ramos. Para lembrar um sinal de glória mas que tudo um dia se transformará em pó.

- As cinzas também eram usadas para identificar as pessoas que fossem se batizar na quinta de páscoa, uma forma de imitar Jesus Cristo e seu jejum de 40 dias.

- Antigamente a palavra “carnaval” tinha outro significa no começo da Quaresma. Naquela época a palavra significava “adeus à carne”, devido a falta de métodos adequados para resfriar a comida, as pessoas tinham como missão acabar com toda a comida antes da quarta-feira de cinza, e isso não incluía só  a carne, mas ovos, leite e qualquer comida perecível. Porém alguns espertinhos aproveitaram a ocasião para promover festas chamadas carnavalescas. Alguns porém exaltavam tanto os prazeres da carne que chegavam a ser exagerados. E tudo com a desculpa de arrepender-se durante o período da Quaresma para se tornar uma pessoa limpa depois.

Enfim, que possamos ser sinceros com nossos sentimentos nestes dias, rever nossos atos e o modo como estamos passando por esta vida. Nunca é tarde para arrepender-se e tentar a cada novo dia, ser uma pessoa melhor.

Apesar do acanhamento eu não resisti deixar passar a oportunidade de fazer fotos de algum colombiano com a cruz na testa. E três vendedoras de uma loja onde fiz algumas compras, fizeram a gentileza de posar para mim. Perguntei à elas o que significava este ato para elas e todas disseram o mesmo: - Uma forma de mostrar que somos cristão!

Aqui na Colômbia isso é normal na quarta-feira de cinzas, portanto não se assuste quando várias pessoas e em distintos ambientes, passarem ao seu lado com uma cruz na testa. É a forma como eles demonstram sua devoção para com sua crença religiosa. Cada país um povo, cada povo uma cultura, mas a FÉ é a mesma!

Carolina - Vendedora Lancôme

Vendedoras da M.A.C